Conclusão e bibliografia

Com estes breves exemplos, nosso objetivo foi o de mostrar uma pequena parte dos caminhos da arte islâmica trilhados em distintas direções e recebendo influências diversas. Observar as intensas trocas nos trajetos da Rota da Seda desafia algumas ideias que muitas vezes são veiculadas sobre as características sedentárias do período medieval, uma época que, na realidade, se constituiu em um tempo de intercâmbio não apenas de mercadorias mas também de ideias e crenças.

Na Europa, a presença do Islã na Península Ibérica foi a mais duradoura e as influências que permaneceram muito depois da queda de Granada, na arte mudéjar, nos comportamentos e na cultura de toda a sociedade, são testemunhos da diversidade que se fazia presente desde os tempos do Califado de Córdoba e da época áurea do Islã no Ocidente. Quando os escritores, pintores e viajantes em geral, nos séculos XVIII e XIX, resgataram o imaginário do Oriente em novas e apreciadas modas, os objetos da cultura material, bem como a arquitetura e a literatura de origem islâmica voltaram a ser fontes de inspiração.

O califa Harun al-Rashid em suas andanças pelas madrugadas passou a ser conhecido na Europa graças às traduções das Mil e Uma Noites, nas quais uma Sherazade idealizada embalava os sonhos ocidentais de exotismo. E, da China à Índia, do norte da África à Fortaleza Vermelha, Al-Hamra, ou Alhambra, os testemunhos de um grande encontro entre culturas se fizeram presentes e ainda hoje documentam a diversidade do mundo.

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Introdução

O lugar privilegiado das reminiscências históricas e influências culturais árabes nos países de matriz ibérica alcança uma síntese peculiar a cada nação e época. No Brasil de finais do século XIX, o lugar da civilização hispanomuçulmana como uma das múltiplas raízes da cultura luso-brasileira é complementado por um discurso que associa a cidade árabe medieval à higiene e ao asseio, fazendo-se presente na arquitetura da saúde e de equipamentos urbanos em geral. Frente a essas apropriações históricas criativas e originais, ainda que de cunho orientalista, vem se afirmando, a partir do início do século XX, a presença cada vez mais marcante da cultura árabe moderna graças a comunidades de imigrantes oriundos de diversas regiões.